quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O rádio Sergipano sob o olhar da Tecnologia

Durante os dias 03 e 06 de setembro, ocorreu em Recife a INTERCOM (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação) um dos maiores eventos de pesquisa na área de comunicação da América Latina que envolve profissionais, pesquisadores e estudantes. Uma ótima oportunidade para intercambiar contatos que possam vir a ser necessários no futuro próximo, mas esse ano dois grupos de pesquisa chamaram levemente a atenção – o de Relações Públicas e o de Rádio.

Ficaremos com o último, o Grupode Pesquisa em Rádio e Mídia Sonora lançou dois livros: Mídia Sonora em 04 dimensões sob a organização dos professores: Luciano Klöckner, professor da PUC/RS e Nair Prata, professora da UFOP/MG e Panorama do Rádio Brasileiro, sob a organização também da professora Nair Prata. O livro é um apanhado de 10 anos sobre as pesquisas na área de rádio e mídia sonora no Brasil a partir de artigos e estudos desenvolvidos por diversos grupos de pesquisa no país inteiro.

O estado de Sergipe figura na lista. Porém com uma peculiaridade – Nenhum pesquisador local contribuiu para a pesquisa. Em conversa que tive com a professora Nair Prata em outubro de 2010, 04 regiões metropolitanas foram as que apresentaram mais dificuldade e a cidade de Aracaju foi a mais complicada por não apresentar um pesquisador que trabalhasse intensamente com rádio no estado na área de produção e potencialidades tecnológicas.

O que é uma pena. Venho tentando pesquisar rádio, mídia sonora e tecnologia há 02 anos e pude perceber que as rádios de Aracaju e de Sergipe apresentam uma configuração muito interessante. Somos um dos poucos estados do país a ter uma rádio em rede em âmbito regional (Ilha FM), possuímos uma programação de radiojornalismo que compete de igual para igual com diversos outros centros do país, Sergipe abriga a Rádio RCN que, para os que não sabem é uma das mais ouvidas webradios da América Latina.

O Sergipano é um ávido consumidor de rádio basta olhar para o seu lado assim que você sai de casa durante a manhã indo para o trabalho ou para a escola. Tem sempre alguém disposto a ouvir os principais noticiários matutinos e o que é mais importante – participar e interagir com a programação. Por esses e outros fatores, debrucei-me na pesquisa em rádio no estado, mas esbarrei com a mesma dificuldade que a professora Nair Prata teve – a dificuldade em encontrar profissionais que olhassem com um pouco mais de carinho para o rádio no estado.

O problema engloba tanto os empresários, quanto a sociedade civil e até mesmo governo estadual. Vamos tomar como exemplo, a questão da digitalização do rádio. O Brasil vem a mais de dez anos discutindo qual seja o padrão tecnológico que irá trazer efetivamente o rádio digital para as emissoras do país. Pois bem, é gritante a falta de conhecimento sobre os modelos e suas potencialidades para o mercado. De um lado, o empresário que busca ampliar o seu faturamento, mas que desconhece o alcance e nem de que forma os modelos em questão podem melhorar a qualidade da emissora, do outro lado, a sociedade civil e aí incluiríamos os estudantes de comunicação que, em muitos casos, desconhecem diversos termos tecnológicos envolvendo convergência e hipermidialidade.

Falha também o governo que poderia trazer o debate de forma mais incisiva no seio da população Sergipana, fóruns e discussões ajudariam enormemente para que o rádio e a tecnologia chegassem ao dia-a-dia da sociedade.

É preciso entender que rádio não presta apenas como noticiário, entretenimento ou palanque eleitoral. Só sairemos do limbo nas pesquisas em rádio e mídia sonora quando os diversos campos sociais (sociedade, governo, empresários) se unirem e mostrar que Sergipe tem muito a oferecer ao país nesse setor.

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