terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Velho e o Novo Radiojornalista.

Tradicionalmente, conhecemos o radialista como um profissional que nos reporta notícias no rádio. Em geral, esses profissionais são jornalistas (ou não) e com a ajuda de inúmeros outros, nos transportam para o mundo da informação sem que haja nenhum outro tipo de recurso visual. O que segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Eduardo Meditsch, faz do rádio uma espécie de "Teatro para cegos".

O radiojornalista de ontem, não deve e nem pode mais ser o radiojornalista de hoje. Ontem, esse profissional era um emissário de notícias, era ele quem detinha a autoridade da informação e a veracidade desta informação lhe colocando uma responsabilidade absurda em suas costas. Para ter certeza disso, basta lembrar-se de Orson Welles que em 1938 pôs pânico em Nova Iorque dizendo que alienígenas estariam invadindo a terra, durante o programa Guerra dos Mundos?!

Passados quase 70 anos as mudanças são nítidas. A começar pelo cenário de trabalho. As mesas de som e microfone ainda estão lá, mas hoje fazem companhia com certeza aos Notebooks, Smartphones e Webcams. O rádio hoje deixou de ser apenas falado, ele também pode ser visto, o que amplia sua possibilidade de interação muito maior com os ouvintes. Não se trata de ver o som, mas de testemunhar o que ocorre nas redações de radiojornalismo de diversas emissoras.

Voltando à questão das tecnologias que circulam o profissional, é inevitável para o novo radialista saber lidar com boa parte dos gadgets e dispositivos que facilitam a comunicação. Os celulares 3G, as redes sociais virtuais (esta última passa também a fazer parte de seu público), os programas de conversa. Se o profissional de hoje não se habituar às tecnologias da informação e da comunicação, ele pára no tempo.

Além de se preocupar com isso, há ainda outro agravante: Hoje, o rádio se remodelou. Não está só nas mãos dos grandes conglomerados midiáticos. Os inúmeros podcasts que circulam nas páginas da Web são um pequeno exemplo do que está para acontecer e já vem acontecendo. A informação está aos poucos trocando de mãos. Hoje, um cidadão comum tem condição de abrir uma rádioweb em sua casa e veicular informação. Se cair no gosto, do público, sua penetração entre seus amigos e afins extrapola os limites sequer imaginados.

Não quer dizer que isso vá ameaçar consideravelmente o trabalho do jornalista radialista. Muito pelo contrário. Só reforça a necessidade deste profissional se adequar a realidade, onde a convergência tecnológica se torna a mola propulsora para mudanças ainda mais profundas, não somente nas redações, mas na forma como o rádio passa e passará a ser encarado nos próximos anos.
Links Relacionados:

domingo, 28 de novembro de 2010

Webrádio: O rádio do futuro?!

Se é possível dizer um dos vários benefícios que a política de democratização da comunicação trás ao cidadão é a possibilidade de que este participe ativamente nao só de discussões que possam corroborar com uma melhoria na produção de conteúdo, mas também da produção de conteúdo sendo ele mesmo receptor e a gente de produtos midiáticos de maneira muito mais efetiva, ainda mais com a Internet

Nessa escala sites e ferramentas como as Redes Sociais e sites como o Youtube e o Vimeo se tornaram freqüentes entre os internautas se aliarmos à isso a conexão banda larga, temos uma possibilidade de produção e disseminação de conteúdo muito maior. Hoje, os blogs, videoblogs e podcasts se tornaram ferramentas usuais para os profissionais de comunicação e de outras áreas, mas aqui vamos tecer certos comentários em especial para a produção de um tipo de comunicação que ganhou destaque nos últimos anos: A webradio

Umas das mais importantes pesquisadoras sobre o gênero no país, professora Nair Prata, acaba de publicar o Livro: Webrádio: Novos gêneros, Novas formas de Interação Fruto de um trabalho desenvolvido de longo prazo. é interessante notar a evolução que a webrádio assumiu nao só no mundo, mas também no Brasil, agregando diversos públicos.. Como o custo de se montar uma webradio é muito mais barato do que uma rádio convencional, elas não param de surgir.

Sem contar que ainda não há necessidade de regulação por parte do governo, o que facilita ainda mais. Quem possui uma boa conexão, e deseja se aventurar, basta um pouco de conhecimento técnico e inserir sua webrádio para deleite de amigos e desconhecidos. Mas isso nao é só o mais importante, é preciso olhar para a webrádio com olhos muito mais sensíveis do que parece.

A sociedade digital acompanha a informação de forma instantânea, o rádio precisou acompanhar esta evolução de seu público e de rever a sua forma de produção,o que vem transformando sensivelmente a produção de conteúdo nao só no rádio convencional mas no webrádio. Hoje, as plataformas mo´vies, hiperlinks e dispositivos que outrora serviam somente ao jornalismo na rede, servem e muito ao rádio. Afinal, como disse a professora Nair Prata, "O rádio ainda precisa saber se ele é o mesmo" após tantas tecnologias.

E para o futuro? há mais perguntas do que respostas, mas uma coisa nos parece certa: A webrádio está só no início e cada vez mais vamos assistir a participação de novos atores sociais envolvidos nessa esféra tecnológica fazendo do rádio uma figura muito mais presente em nossas vidas do que nós últimos anos.

Links relacionados:

Web Rádio, Sem fronteiras
O que é Webrádio
O futuro do Rádio no Cenário da Convergência...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Rádio Digital no Brasil: Problemas e Soluções

Em praticamente 10 anos de buscas, pesquisas e informações o Brasil avançou muito pouco no cenário mundial da radiodifusão digital. O atraso tecnológico não seria de nenhum modo compreensível quando hoje, os investimentos para sua principal concorrente, a Televisão estão na cifra dos bilhões de reais, mostrando o interesse muito maior por parte dos empresários em detrimento do rádio.

O mercado radiofônico brasileiro bate a casa das três mil rádios devidamente cadastradas, isso sem contar àquelas que operam na ilegalidade. Por baixo, há aí público estimado em mais de 140 milhões de Brasileiros que escutam rádio rotineiramente. Segundo o IBGE (2007), o Rádio ainda é o 2° eletrodoméstico mais comum na casa dos brasileiros (88,9%) atrás da televisão (94%). Contudo, quando se trata em confiança na informação, a constatação muda de figura.

Em 2009 uma agência de publicidade, a PROPEG, realizou uma pesquisa que mostrou que 73% dos Brasileiros afirmaram que o rádio é a mídia com o maior índice de satisfação. Ainda assim, outros índices mostram como a penetração do rádio na sociedade Brasileira vem se diversificando e se intensificando.

O número de ouvintes aumentou em 44% nos últimos 05 anos reforçando a credibilidade desta mídia. Como esses valores demonstram um nível respeitável dentro da sociedade, a questão que paira no ar é devido ao atraso enorme quanto a definição do padrão digital que será escolhido para as transmissões no País.

Na verdade, a falta de conhecimento é grande, tanto para a população em geral quanto nas academias. O rádio não chega a ser um veículo com um grande número de livros no país. Quando se trata em rádio digital, boa parte dos conteúdos encontrados no país é obtida através de anais de congressos e publicações científicas esparsas.

Pesquisadores também são escassos, mas alguns brilhantes, tais como a Professora Nélia Del Bianco, da UNB e a Professora Nair Prata, da UNI-BH são alguns dos profissionais que se empenham em mostrar um pouco mais desse futuro que, como a professora Del Bianco explicou em seu artigo: “E Tudo vai mudar quando o Rádio Digital chegar”.

A principal questão para isso é quanto às faixas e tecnologias desenvolvidas. Os modelos atualmente existentes no mercado (Europeu, Japonês e Americano) apresentam características específicas dos mercados em que atuam. Dessa forma seria muito difícil, por exemplo, a aplicação do padrão Japonês de Rádio Digital, modelo este que é um dos mais avançados atualmente, que trabalha em conjunto com a TV Digital japonesa atuando numa faixa de mais de 2,5GHZ de velocidade.

Por conta do atraso tecnológico seria praticamente inviável a adoção do sistema japonês no Brasil. Restando apenas os padrões: Europeu e Americano para serem adotados como padrões a serem seguidos. Ainda em 2009, o então ministro das telecomunicações, Hélio Costa havia proposto para o fim daquele ano, a escolha do modelo de rádio digital. Costa deixou o cargo em março deste ano, mas deixou as bases para a criação do SBRD (Sistema Brasileiro de Rádio Digital) em uma portaria emitida pelo Ministério

De fato, ainda não aconteceu, porque o lobby envolvendo defensores do padrão IBOC (americano) foi muito maior, inclusive com o apoio do ex-ministro contra os modelos DAB e DRM (Europeus). Tanto que se pensou em utilizar uma mescla dos modelos para as diferentes porções populacionais Brasileiras. Visto que as regiões densamente povoadas do Brasil, a oferta de rádios é muito maior do que em regiões mais afastadas.

Um risco que poderia correr as operações em Rádio comunitárias, aonde as discussões para a escolha do sistema não chegaram com impacto na sociedade civil. O padrão IBOC exige o pagamento de franquia e aparelhagem que muitas rádios comunitárias não teriam como arcar e poderia correr sério risco de não mais serem ouvidas prejudicando essas comunidades isoladas.

Existe no momento, uma grande tentativa de se implantar o modelo DRM (Digital Radio Mondiale) que é até o momento o modelo mais democrático de Rádio Digital. Tendo sido elaborado pó um consórcio de vários países. O DRM pode resolver o problema por ser um modelo em que é possível aplicar pesquisas desenvolvidas no próprio País, adaptando a tecnologia desenvolvida e respeitando o mercado interno.

Por essas razões, é que se percebe como o atraso na divulgação das informações prejudica o conteúdo. O rádio ainda hoje pauta as informações das outras mídias e sua influência ainda é forte no Brasil. As mudanças que o rádio digital trará não ficam somente na melhoria do som para as ondas curtas e ondas médias, aquisição de arquivos e textos, mas num processo de democratização da informação muito maior e aprimorando ainda mais a interatividade entre o ouvinte e o rádio.

Links Relacionados:

Seção: Rádio e TV
2010, o ano da Rádio Digital no Brasil
Rádio Digital
Rádio Digital: Comissão de Tecnologia do Senado Federal

domingo, 21 de novembro de 2010

Rádio e Tecnologia

O post inicial deste blog vai abordar os caminhos das Novas Tecnologias e da Mídia Sonora. Como ambos fazem parte de meu cotidiano e também de grande maioria de minhas pesquisas ou "tentativa" ainda que no início de me considerar um pesquisador. Mas por que abordar as Novas Tecnologias e a Mídia Sonora como projeto para este blog?

As novas tecnologias (já não tão novas assim) ganharam atributos de indispensáveis em nosso dia-a-dia. Sequer imagino o trabalho sem meu celular, computador e acesso direto às principais redes sociais e portais de informações. Mas não porque o trabalho de um jornalista é de estar antenado a esses avanços. Engana-se quem acha que isso é um atributo somente dos profissionais de comunicação, hoje a realidade obriga a praticamente todas as searas do conhecimento a terem um contato senao mínimo, até mais íntimo com qualquer dos principais suportes tecnológicos. Mesmo porque, falar em Novas Tecnologias estamos utilizando um termo extremamente amplo, porém vou reduzir para as Novas Tecnologias aplicadas à Informação e a Comunicação (NTIC)

As Novas tecnologias da Informação têm seu propósito muito claro - dinamizar e facilitar o trabalho daqueles que com ela se relacionam. Se trazermos então todas as formas de benefícios que ela nos proporcionou tais como, acesso a conteúdos que nao possuíamos, capacidade de compartilhamento, movimentação social, etc. São uma pequena amostra do que o desenvolvimento.

Pesquisas sobre essa área de conhecimento se multiplicam, o que antes era restrito aos porões das universidades e da academia tornou-se algo mutante, em que numa sociedade em rede, o conteúdo é multimidiático e participativo (crowdsourcing) esse benefício não só potencializa a formação de conhecimento, pluraliza e diversifica as principais opiniões e teses sobre os objetos de pesquisa.

O que as Novas Tecnologias tem a ver com a Mídia Sonora? Tudo. Puxando sardinha para minha linha de pesquisa. Abraçei os estudos em Rádio e Novas Tecnologias pois ambos se fortalecem de uma qualidade muito especial - a fácil penetração nos mais diversos públicos. O rádio como papel de grande meio de comunicação de massa encontrou no advento das novas tecnologias uma sobrevida muito maior que antes dela.

Os espaços proporcionados pelos celulares, tablets, e pela Internet, ampliaram o antigo conceito de rádio que era defendido. A mídia sonora de ontem em nada pode ser equiparada com a de hoje e na certa seria até leviano fazer uma previsão dos caminhos que o Rádio poderá adotar com o incremento das novas tecnologias em seu benefício.

Dessa forma, o blog tem essa preocupação - Mostrar, Divulgar e Exibir informações sobre o Rádio e sobre as Novas Tecnologias em desenvolvimento. Trazendo mais discussões e formação de pesquisa no setor. O Brasil ainda é um país muito carente em pesquisas na área de rádio. Um contrasenso absurdo onde mais de 96% do terrítório nacional é coberto por ondas de transmissão, chegando mais além que a televisão.

Links:

Novas Tecnologias
O futuro do Rádio