Em praticamente 10 anos de buscas, pesquisas e informações o Brasil avançou muito pouco no cenário mundial da radiodifusão digital. O atraso tecnológico não seria de nenhum modo compreensível quando hoje, os investimentos para sua principal concorrente, a Televisão estão na cifra dos bilhões de reais, mostrando o interesse muito maior por parte dos empresários em detrimento do rádio.
O mercado radiofônico brasileiro bate a casa das três mil rádios devidamente cadastradas, isso sem contar àquelas que operam na ilegalidade. Por baixo, há aí público estimado em mais de 140 milhões de Brasileiros que escutam rádio rotineiramente. Segundo o IBGE (2007), o Rádio ainda é o 2° eletrodoméstico mais comum na casa dos brasileiros (88,9%) atrás da televisão (94%). Contudo, quando se trata em confiança na informação, a constatação muda de figura.
Em 2009 uma agência de publicidade, a PROPEG, realizou uma pesquisa que mostrou que 73% dos Brasileiros afirmaram que o rádio é a mídia com o maior índice de satisfação. Ainda assim, outros índices mostram como a penetração do rádio na sociedade Brasileira vem se diversificando e se intensificando.
O número de ouvintes aumentou em 44% nos últimos 05 anos reforçando a credibilidade desta mídia. Como esses valores demonstram um nível respeitável dentro da sociedade, a questão que paira no ar é devido ao atraso enorme quanto a definição do padrão digital que será escolhido para as transmissões no País.
Na verdade, a falta de conhecimento é grande, tanto para a população em geral quanto nas academias. O rádio não chega a ser um veículo com um grande número de livros no país. Quando se trata em rádio digital, boa parte dos conteúdos encontrados no país é obtida através de anais de congressos e publicações científicas esparsas.
Pesquisadores também são escassos, mas alguns brilhantes, tais como a Professora Nélia Del Bianco, da UNB e a Professora Nair Prata, da UNI-BH são alguns dos profissionais que se empenham em mostrar um pouco mais desse futuro que, como a professora Del Bianco explicou em seu artigo: “E Tudo vai mudar quando o Rádio Digital chegar”.
A principal questão para isso é quanto às faixas e tecnologias desenvolvidas. Os modelos atualmente existentes no mercado (Europeu, Japonês e Americano) apresentam características específicas dos mercados em que atuam. Dessa forma seria muito difícil, por exemplo, a aplicação do padrão Japonês de Rádio Digital, modelo este que é um dos mais avançados atualmente, que trabalha em conjunto com a TV Digital japonesa atuando numa faixa de mais de 2,5GHZ de velocidade.
Por conta do atraso tecnológico seria praticamente inviável a adoção do sistema japonês no Brasil. Restando apenas os padrões: Europeu e Americano para serem adotados como padrões a serem seguidos. Ainda em 2009, o então ministro das telecomunicações, Hélio Costa havia proposto para o fim daquele ano, a escolha do modelo de rádio digital. Costa deixou o cargo em março deste ano, mas deixou as bases para a criação do SBRD (Sistema Brasileiro de Rádio Digital) em uma portaria emitida pelo Ministério
De fato, ainda não aconteceu, porque o lobby envolvendo defensores do padrão IBOC (americano) foi muito maior, inclusive com o apoio do ex-ministro contra os modelos DAB e DRM (Europeus). Tanto que se pensou em utilizar uma mescla dos modelos para as diferentes porções populacionais Brasileiras. Visto que as regiões densamente povoadas do Brasil, a oferta de rádios é muito maior do que em regiões mais afastadas.
Um risco que poderia correr as operações em Rádio comunitárias, aonde as discussões para a escolha do sistema não chegaram com impacto na sociedade civil. O padrão IBOC exige o pagamento de franquia e aparelhagem que muitas rádios comunitárias não teriam como arcar e poderia correr sério risco de não mais serem ouvidas prejudicando essas comunidades isoladas.
Existe no momento, uma grande tentativa de se implantar o modelo DRM (Digital Radio Mondiale) que é até o momento o modelo mais democrático de Rádio Digital. Tendo sido elaborado pó um consórcio de vários países. O DRM pode resolver o problema por ser um modelo em que é possível aplicar pesquisas desenvolvidas no próprio País, adaptando a tecnologia desenvolvida e respeitando o mercado interno.
Por essas razões, é que se percebe como o atraso na divulgação das informações prejudica o conteúdo. O rádio ainda hoje pauta as informações das outras mídias e sua influência ainda é forte no Brasil. As mudanças que o rádio digital trará não ficam somente na melhoria do som para as ondas curtas e ondas médias, aquisição de arquivos e textos, mas num processo de democratização da informação muito maior e aprimorando ainda mais a interatividade entre o ouvinte e o rádio.
Links Relacionados:
Seção: Rádio e TV
2010, o ano da Rádio Digital no Brasil
Rádio Digital
Rádio Digital: Comissão de Tecnologia do Senado Federal
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