Para mim, desde
pequeno, o rádio sempre teve uma presença muito conectada com esportes. Era
muito estranho ver meu avô, meus tios e meu pai assistirem ao jogo pela
televisão, ouvir os narradores e, ao mesmo tempo, ouvir os comentários dos
cronistas esportivos. Sem querer eles estavam anos-luz a frente do conceito de
multitarefa tão alardeado por boa parte dos pesquisadores de hoje.
Quando meu pai me
levava ao estádio de futebol era ainda mais bizarro. Ver todos ali,
presenciando o jogo, mas tendo sempre o rádio próximo ou colado ao ouvido para
não perder um lance que o cronista dizia. Desde então comecei a me interessar e
saber o porquê de milhares de pessoas se prestarem ao “trabalho” de ouvir e
assistir ao mesmo tempo.
Mais interessante ainda
era notar o trabalho do radiojornalista esportivo de ontem. Quando nós não tínhamos
o acesso através de telefones celulares e nem do computador. O cronista era por
vezes (não estranho) porta-voz do time que narrava, saber o nome dos jogadores
de cor, jogadas era um golpe de mestre que poucos ainda hoje possuem. Não é a
toa que os melhores cronistas esportivos beiram a casa acima dos 60 anos.
O radiojornalista esportivo de ontem VS a tecnologia de hoje |
Porque essa experiência
é importante? Ora, porque esse cronista descobriu que o maior segredo para
obter êxito no trabalho com o esporte é vivê-lo. Passar o cotidiano dos
jogadores, dia-dia dos treinos, horas de alegria e problemas e, sim, o trabalho
de antes carregava o amor pelo esporte num nível muito superior que hoje em
dia, ainda que muitos até venham a me criticar por isso.
Mas na
contemporaneidade, as tecnologias que ampliaram as possibilidades de trabalho,
também distinguem as ações entre o que é radiojornalismo esportivo e não é.
Hoje, as estrelas do esporte estão nas redes sociais e, não estranhamente,
publicam seu dia-a-dia sem ter a interferência pedante do profissional de
imprensa.
Ao radiojornalista
esportivo coube aprender com o tempo e adaptar-se às necessidades. Ao tempo
porque o amor ao esporte precisa vir antes mesmo do que a função em si, e
adaptar-se à realidade tecnológica porque as benesses do mundo moderno, agora
são razão para uma apuração menos detalhista. O trabalho com o texto é substituído
pelo encurtador de link e pela participação nas redes sociais.
O que o futuro
reserva?! Talvez mais do que estejamos
vendo, talvez não. Mas é claro que o amor ao esporte, ao rádio vai sempre
ocorrer, e ainda vou ver por diversas vezes, inúmeras pessoas irem aos
estádios, com seu velho radio em pleno vapor encostado no ouvido.
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