segunda-feira, 30 de abril de 2012

Novas transformações na radiodifusão comunitária: O rádio social


Em alguns textos escritos por mim aqui neste blog eu disse que a webradio é o meio mais “legal” de legalizar uma rádio pirata. Afinal, não há nenhum dispositivo jurídico que impeça a transmissão de sinais pela web e como as emissoras de rádio atuais estão se aproveitando da plataforma digital (lê-se Internet) nada mais natural do que sair dessa “penumbra”.

Mas a democratização do acesso aos meios digitais trouxe uma nova mudança para a atuação do rádio. Com tantos recursos, funcionalidades que os aparelhos de hoje nos possibilitam, a questão hoje que se desenha nem é mais se o rádio é o mesmo (PRATA, 2007), mas se ele consegue se tornar ainda mais social.

Pensemos então no trabalho de uma rádio comunitária. Naturalmente de acordo com a lei n°. 9612/98 A veiculação de anúncios é vedada no exercício da função de uma rádio comunitária, que é a de prezar por um conteúdo não-comercial, de qualidade, promovendo a cultura local. Como já é sabido também, é muito difícil para uma emissora de rádio comunitária seguir se mantendo sem os devidos investimentos, algo que com a ajuda de custo do governo federal se torna uma missão quase impossível.

Com a Internet, surge um novo capítulo, agora a grande rede diminuiu as distâncias e criou um terreno frutífero para que novas utilidades para serviços antigos fossem exploradas sem nenhuma (ou muito pouca) intervenção legal – caso das transmissões de televisão e, de rádio.

Foi-se o tempo em que as rádios comunitárias andavam sozinhas, não conversavam entre si e, graças à Internet essa realidade vem mudando drasticamente. Hoje, as emissoras estão interagindo, criando pontes importantes com outras emissoras, criando novas pequenas redes de fomento de divulgação de notícias e pesquisas científicas.

Esse é como alguns professores, tais como Marcelo Kishinhevisky (UERJ) vem chamando de “Rádio Social” e seus resultados já conseguem ser vistos. Com o projeto Radiotube (rede de emissoras online – muitas delas comunitárias) A informação veiculada agora pode ser gravada (como um podcast e semelhante ao blaving ) e potencializada através do compartilhamento nas redes sociais. 


Em entrevista à revista EPTIC em março deste ano, Marcelo explicou os resultados de sua pesquisa junto ao Audiolab (grupo de pesquisa que coordena na UERJ):

“Uma de nossas reportagens, sobre os riscos da pílula do dia seguinte, foi ouvida mais de mil vezes e teve dezenas de downloads. Esse conteúdo circula, muitas vezes por longo tempo, graças às mídias sociais e serviços de microblogging. Isso não só atende aos objetivos originais do projeto, mas também permite o desenvolvimento de reflexões sobre o rádio expandido, que transborda para além das ondas hertzianas, multiplicando seu alcance via internet”.

Como é possível ver, o rádio mais uma vez consegue inovar e criar novas fronteiras para a sua utilização e, pondo mais uma vez em xeque, o seu malfadado destino.

Você pode conferir a entrevista de Marcelo à EPTIC neste link:

Referências:

KISHINHEVSKY, Marcelo: "O rádio sem onda: Convergência Digital e Novos desafios na rádiodifusão" Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://bit.ly/IoIbD5>



quinta-feira, 8 de março de 2012

O Rádio e o Esporte: Ontem e Hoje!


Para mim, desde pequeno, o rádio sempre teve uma presença muito conectada com esportes. Era muito estranho ver meu avô, meus tios e meu pai assistirem ao jogo pela televisão, ouvir os narradores e, ao mesmo tempo, ouvir os comentários dos cronistas esportivos. Sem querer eles estavam anos-luz a frente do conceito de multitarefa tão alardeado por boa parte dos pesquisadores de hoje.

Quando meu pai me levava ao estádio de futebol era ainda mais bizarro. Ver todos ali, presenciando o jogo, mas tendo sempre o rádio próximo ou colado ao ouvido para não perder um lance que o cronista dizia. Desde então comecei a me interessar e saber o porquê de milhares de pessoas se prestarem ao “trabalho” de ouvir e assistir ao mesmo tempo.

Mais interessante ainda era notar o trabalho do radiojornalista esportivo de ontem. Quando nós não tínhamos o acesso através de telefones celulares e nem do computador. O cronista era por vezes (não estranho) porta-voz do time que narrava, saber o nome dos jogadores de cor, jogadas era um golpe de mestre que poucos ainda hoje possuem. Não é a toa que os melhores cronistas esportivos beiram a casa acima dos 60 anos.

O radiojornalista esportivo de ontem VS a tecnologia de hoje

Porque essa experiência é importante? Ora, porque esse cronista descobriu que o maior segredo para obter êxito no trabalho com o esporte é vivê-lo. Passar o cotidiano dos jogadores, dia-dia dos treinos, horas de alegria e problemas e, sim, o trabalho de antes carregava o amor pelo esporte num nível muito superior que hoje em dia, ainda que muitos até venham a me criticar por isso.

Mas na contemporaneidade, as tecnologias que ampliaram as possibilidades de trabalho, também distinguem as ações entre o que é radiojornalismo esportivo e não é. Hoje, as estrelas do esporte estão nas redes sociais e, não estranhamente, publicam seu dia-a-dia sem ter a interferência pedante do profissional de imprensa.

Ao radiojornalista esportivo coube aprender com o tempo e adaptar-se às necessidades. Ao tempo porque o amor ao esporte precisa vir antes mesmo do que a função em si, e adaptar-se à realidade tecnológica porque as benesses do mundo moderno, agora são razão para uma apuração menos detalhista. O trabalho com o texto é substituído pelo encurtador de link e pela participação nas redes sociais.

O que o futuro reserva?!  Talvez mais do que estejamos vendo, talvez não. Mas é claro que o amor ao esporte, ao rádio vai sempre ocorrer, e ainda vou ver por diversas vezes, inúmeras pessoas irem aos estádios, com seu velho radio em pleno vapor encostado no ouvido.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Poli-Configurações Radiofônicas: Semelhanças e Distinções entre SE e RS.

Depois de muito tempo em Aracaju, resolvi alçar vôos mais longos e também de muito estudo e trabalho, passei um breve período sem atualizar meu blog, mas vou tentar postar algo com mais freqüência por aqui, afinal, quem uma vez ouve e gosta de rádio não consegue largar de vez o fascínio que o microfone e o dial proporcionam.

Saí de Aracaju/Se momentaneamente, a fim de conhecer um pouco mais as configurações e as diferentes formas de produção de rádio Brasil afora e, cheguei no Rio Grande do Sul, onde resido atualmente e algo já ficou bem claro: O papel do rádio como aglutinador social é notório em todo o estado do RS, muito mais do que em Sergipe.

Chama-me a atenção em especial as meso-regiões no RS e de que forma as emissoras de rádio se distribuem.  Cada região atual como um distinto pólo de produtividade e as emissoras de rádio respeita essa particularidade oferecendo ao ouvinte uma programação muito específica sem esquecer o que ocorre no contexto estadual, nacional e global.

Os programas radiojornalisticos em diversas rádios seguem os mesmos moldes das produções radiofônicas encontradas em Sergipe. É comum as emissoras oferecerem programas de radiojornalismo mesmo àquelas distantes de grandes centros e da capital, o que é excelente, pois se percebe a preocupação com a qualidade da informação. Em tempos de hiperlocalidade, as rádios do Rio Grande do Sul desempenham um papel peculiar sendo ao mesmo tempo agente de informação e trazendo o ouvinte para próximo de seus estúdios (alguns deles, até mesmo dentro de shopping centers).

O uso de Tecnologias

Apesar de estar só há quase 03 meses, percebo que a utilização de tecnologias na produção de conteúdo vem sendo aos poucos difundido entre as emissoras, mas o que me chama realmente atenção é a forma como essa tecnologia vem sendo utilizada e isso, varia de emissora a emissora. Enquanto umas utilizam, por exemplo, a Internet como forma de melhorar o site e a programação do rádio no contexto informativo, ao mesmo tempo utilizam a mesma internet só como canal de áudio (e são muitas).

A diferença com Sergipe passa a ser gritante quando percebemos que as rádios por lá, ainda não passaram a perceber de que forma o uso ostensivo das tecnologias podem melhorar sensivelmente a produção de notícias e ampliar o número de ouvintes. Esperamos que esse tipo de visão se altere com o passar do tempo, para o bem do estado e do nordeste.