Em alguns textos escritos por mim
aqui neste blog eu disse que a webradio
é o meio mais “legal” de legalizar uma rádio pirata. Afinal, não há nenhum
dispositivo jurídico que impeça a transmissão de sinais pela web e como as
emissoras de rádio atuais estão se aproveitando da plataforma digital (lê-se
Internet) nada mais natural do que sair dessa “penumbra”.
Mas a democratização do acesso
aos meios digitais trouxe uma nova mudança para a atuação do rádio. Com tantos
recursos, funcionalidades que os aparelhos de hoje nos possibilitam, a questão
hoje que se desenha nem é mais se o rádio é o mesmo (PRATA, 2007), mas se ele
consegue se tornar ainda mais social.
Pensemos então no trabalho de uma
rádio comunitária. Naturalmente de acordo com a lei n°. 9612/98 A veiculação de
anúncios é vedada no exercício da função de uma rádio comunitária, que é a de
prezar por um conteúdo não-comercial, de qualidade, promovendo a cultura local.
Como já é sabido também, é muito difícil para uma emissora de rádio comunitária
seguir se mantendo sem os devidos investimentos, algo que com a ajuda de custo
do governo federal se torna uma missão quase impossível.
Com a Internet, surge um novo
capítulo, agora a grande rede diminuiu as distâncias e criou um terreno frutífero
para que novas utilidades para serviços antigos fossem exploradas sem nenhuma
(ou muito pouca) intervenção legal – caso das transmissões de televisão e, de rádio.
Foi-se o tempo em que as rádios
comunitárias andavam sozinhas, não conversavam entre si e, graças à Internet
essa realidade vem mudando drasticamente. Hoje, as emissoras estão interagindo,
criando pontes importantes com outras emissoras, criando novas pequenas redes
de fomento de divulgação de notícias e pesquisas científicas.
Esse é como alguns professores,
tais como Marcelo Kishinhevisky (UERJ) vem chamando de “Rádio Social” e seus resultados já conseguem ser vistos. Com o
projeto Radiotube (rede de emissoras online – muitas delas comunitárias) A
informação veiculada agora pode ser gravada (como um podcast e semelhante ao blaving ) e potencializada através do compartilhamento nas redes
sociais.
Em entrevista à revista EPTIC em
março deste ano, Marcelo explicou os resultados de sua pesquisa junto ao
Audiolab (grupo de pesquisa que coordena na UERJ):
“Uma de nossas reportagens, sobre
os riscos da pílula do dia seguinte, foi ouvida mais de mil vezes e teve
dezenas de downloads. Esse conteúdo circula, muitas vezes por longo tempo,
graças às mídias sociais e serviços de microblogging. Isso não só atende aos
objetivos originais do projeto, mas também permite o desenvolvimento de
reflexões sobre o rádio expandido, que transborda para além das ondas
hertzianas, multiplicando seu alcance via internet”.
Como é possível ver, o rádio mais
uma vez consegue inovar e criar novas fronteiras para a sua utilização e, pondo
mais uma vez em xeque, o seu malfadado destino.
Você pode conferir a entrevista
de Marcelo à EPTIC neste link:
Referências:
KISHINHEVSKY, Marcelo: "O rádio sem onda: Convergência Digital e Novos desafios na rádiodifusão" Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://bit.ly/IoIbD5>