domingo, 23 de janeiro de 2011

O Simulcasting, o IBOC e o DRM.

Numa continuação de meu último post, discorri um pouquinho sobre o padrão Simulcasting que, segundo o então Ministro das Telecomunicações Hélio Costa, havia definido como portaria, mesclar padrões de Tecnologia IBOC (In band on chanel) desenvolvido pela Ibiquity, e também do DRM (Digital Radio Mondiale), Padrão Europeu de radiodifusão digital que havia sido criado no intuito de resgatar as transmissões em amplitude modulada (AM).

Mas vale aqui algumas explicações importantes, conforme já escrevi em diversos posts deste blog, a respeito do padrão digital no País. Primeiro, a intenção por trás da implantação do simulcasting envolvendo os padrões nada mais é do que tentar mesclar os sistemas a fim de que ele corresponda ao padrão social no qual atualmente é configurada a população Brasileira, que se assemelha em seus centros urbanos à boa parte das metrópoles mundiais, mas no interior há diversas discrepâncias.

O IBOC sairia muito bem no plano urbano o modelo americano de Rádio digital consiste num padrão de alcance de onda de, em média 30KHZ. O principal efeito disso, é que transmissões em baixa freqüência desse valor correm sério risco de terem suas transmissões comprometidas (rádioescutas, Rádios comunitárias, por exemplo). Essa foi uma das razões pela briga que ainda hoje existe contra a aceitação do padrão americano.

Outro fator que merece considerações é quanto ao preço do holding e o seu impacto provável às rádios comunitárias. Vejamos o que disse, a professora da UniverCIdade, Eula Cabral (2006)
O IBOC é um sistema proprietário, exigindo pagamento de royalties. Mesmo sendo interessante no que diz respeito à transposição do sistema analógico para o digital, possibilita que as outorgas atuais sejam mantidas, podendo alcançar quatro a seis canais, conforme a capacidade de compressão. O ganho que poderia ser dado a todos na história é o subsídio do governo durante um ano para as emissoras adquirirem os equipamentos para a transmissão digital. Isso significa que os empresários dos grandes grupos de mídia e os políticos continuarão comandando e definindo o destino de outras emissoras, tendo a possibilidade de terem mais canais. Além disso, o apoio do governo, durante 12 meses, na compra de equipamentos para adaptarem suas emissoras à realidade digital. E mais: a definição de seus territórios e poderio e o fim da voz das comunidades, ou seja, as rádios comunitárias. (CABRAL, 2006, ONLINE).
O modelo Americano ainda continua em testes e é preciso resolver problemas, sobretudo quanto a migração dos padrões analógico ao digital. Contudo as discussões que já se tornaram muito acaloradas, pelo fato de que a ABERT se mostrou favorável a adoção do sistema por boa parte das emissoras do Brasil, na verdade esfriou um pouco por conta também da pesquisa desenvolvida no pólo seguinte, no caso, do Padrão DRM.

O DRM, na verdade foi criado ainda em meados da década de 90 e tinha como missão, salvar o AM (isso mesmo) até aquele período achava-se que as emissões AM poderiam ter seus dias contados, o que felizmente não aconteceu. O DRM na verdade é um conjunto que envolve diversos países, entre eles a China, a Rússia e de importantes redes como a Deutsch Welle e a RTP de Portugal.

Existem 02 modelos de DRM atualmente testados, o modelo que é proximo ao DAB, e o DRM+ (esse trabalha de maneira semelhante ao IBOC) e pode transmitir simultaneamente padrões analógicos e digitais. A diferença entre o modelo IBOC, quando você precisa obter a licença da Ibiquity, o DRM é possível trabalhar tecnologia desenvolvida no país, modelando assim as características peculiares da região em que a rádio se situa.

Por conta das intensas pesquisas envolvendo os modelos atuais, foi prudente a ação do governo em não definir qual o modelo a ser aceito pelo País, lidar com linguagem radiofônica não é uma tarefa simples, o rádio ainda carrega consigo, valores muito imanentes na sociedade, por essas e outras que devemos olhar com bastante atenção de que forma a tecnologia poderá incluir ou até mesmo, segregar as comunidades que ainda dependem do rádio como única fonte de informação.
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