quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O rádio Sergipano sob o olhar da Tecnologia

Durante os dias 03 e 06 de setembro, ocorreu em Recife a INTERCOM (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação) um dos maiores eventos de pesquisa na área de comunicação da América Latina que envolve profissionais, pesquisadores e estudantes. Uma ótima oportunidade para intercambiar contatos que possam vir a ser necessários no futuro próximo, mas esse ano dois grupos de pesquisa chamaram levemente a atenção – o de Relações Públicas e o de Rádio.

Ficaremos com o último, o Grupode Pesquisa em Rádio e Mídia Sonora lançou dois livros: Mídia Sonora em 04 dimensões sob a organização dos professores: Luciano Klöckner, professor da PUC/RS e Nair Prata, professora da UFOP/MG e Panorama do Rádio Brasileiro, sob a organização também da professora Nair Prata. O livro é um apanhado de 10 anos sobre as pesquisas na área de rádio e mídia sonora no Brasil a partir de artigos e estudos desenvolvidos por diversos grupos de pesquisa no país inteiro.

O estado de Sergipe figura na lista. Porém com uma peculiaridade – Nenhum pesquisador local contribuiu para a pesquisa. Em conversa que tive com a professora Nair Prata em outubro de 2010, 04 regiões metropolitanas foram as que apresentaram mais dificuldade e a cidade de Aracaju foi a mais complicada por não apresentar um pesquisador que trabalhasse intensamente com rádio no estado na área de produção e potencialidades tecnológicas.

O que é uma pena. Venho tentando pesquisar rádio, mídia sonora e tecnologia há 02 anos e pude perceber que as rádios de Aracaju e de Sergipe apresentam uma configuração muito interessante. Somos um dos poucos estados do país a ter uma rádio em rede em âmbito regional (Ilha FM), possuímos uma programação de radiojornalismo que compete de igual para igual com diversos outros centros do país, Sergipe abriga a Rádio RCN que, para os que não sabem é uma das mais ouvidas webradios da América Latina.

O Sergipano é um ávido consumidor de rádio basta olhar para o seu lado assim que você sai de casa durante a manhã indo para o trabalho ou para a escola. Tem sempre alguém disposto a ouvir os principais noticiários matutinos e o que é mais importante – participar e interagir com a programação. Por esses e outros fatores, debrucei-me na pesquisa em rádio no estado, mas esbarrei com a mesma dificuldade que a professora Nair Prata teve – a dificuldade em encontrar profissionais que olhassem com um pouco mais de carinho para o rádio no estado.

O problema engloba tanto os empresários, quanto a sociedade civil e até mesmo governo estadual. Vamos tomar como exemplo, a questão da digitalização do rádio. O Brasil vem a mais de dez anos discutindo qual seja o padrão tecnológico que irá trazer efetivamente o rádio digital para as emissoras do país. Pois bem, é gritante a falta de conhecimento sobre os modelos e suas potencialidades para o mercado. De um lado, o empresário que busca ampliar o seu faturamento, mas que desconhece o alcance e nem de que forma os modelos em questão podem melhorar a qualidade da emissora, do outro lado, a sociedade civil e aí incluiríamos os estudantes de comunicação que, em muitos casos, desconhecem diversos termos tecnológicos envolvendo convergência e hipermidialidade.

Falha também o governo que poderia trazer o debate de forma mais incisiva no seio da população Sergipana, fóruns e discussões ajudariam enormemente para que o rádio e a tecnologia chegassem ao dia-a-dia da sociedade.

É preciso entender que rádio não presta apenas como noticiário, entretenimento ou palanque eleitoral. Só sairemos do limbo nas pesquisas em rádio e mídia sonora quando os diversos campos sociais (sociedade, governo, empresários) se unirem e mostrar que Sergipe tem muito a oferecer ao país nesse setor.

sábado, 20 de agosto de 2011

Mp3 Vs High-Speed Streaming: Quem vencerá esta batalha?

O criador do “mais odiado programa de compartilhamento de arquivos da Internet, o Napster”, Shaw Fanning – Veja lá, odiado por músicos e pela indústria fonográfica, popularizou o termo mp3, quando ainda em 1998/99 brotou na rede um dos mais inusitados programas em que, para você ver, ouvir, pegar um documento que quisesse, bastava digitar o que queria e através da leitura do IP, cada um conseguia pegar o que quisesse, sem pagar nenhum centavo pelos direitos autorais.


Mp3, com os dias contados?

Vamos ficar com o padrão de arquivo digital, mp3, embora não tenha sido ele o criador, o mp3 é só um método de compressão de áudio digital entre os vários que existem (wmv, wma, rm, mpeg e por aí vai). Mas o que tornou esse padrão tão poderoso foi sua disseminação na rede e a facilidade que qualquer pessoa tinha (e tem até hoje) de conseguir baixar o disco de seu artista preferido e não precisar pagar para ouvi-lo.

O prejuízo para o artista é enorme, para a indústria maior ainda, mas Fanning abriu a caixa de pandora da indústria, não há como voltar atrás, o ambiente digital além de estar ao acesso de praticamente todos, ferramentas para poder ouvir esses arquivos aparecem a todo momento. Então teremos a nítida impressão de que os cd’s e dvd’s continuarão existindo, assim como o mp3 por um bom tempo, certo?

Não é bem assim, ao passo que a conexão em alta velocidade também vem se democratizando novas formas de se ouvir música e rádio vem surgindo, a verdade é que hoje já é possível você digitar o nome do artista e já sair ouvindo a musica direto de seu aparelho sem nem mesmo precisar baixar o arquivo no seu HD.

Bons exemplos disso?  Sites como o Last.fm, Grooveshark entre outros são dicas de como dentro de algum tempo, o mp3 poderá se tornar obsoleto? Também não é bem assim, o que as tecnologias estão ensinando é que ao passo que as conexões progridem e o tempo de acesso aumenta de acordo com a velocidade, o consumo desses produtos caminha na mesma rapidez.

Por enquanto, você ainda não vai aposentar o seu celular nem o seu Ipod. Mas pense num bom destino para ele em breve.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O papel da Rádio Educativa nos dias de hoje


Programação educacional não é privilégio exclusivo das emissoras de televisão, o rádio foi pioneiro quando o assunto foi instruir a sociedade. Programas que tem como foco preparar o cidadão para as adversidades que virão existem desde o início das transmissões. Mas, lógico ainda tinham um alcance muito precário, basta ver que no início do Séc. XX, o aparelho de rádio era produto para os mais abastados.

Há registros que consideram como os primeiros programas de rádio de cunho educativo ainda entre os anos que compreendem 1910 e 1918 nos EUA e em alguns países da Europa, mas como era de se esperar esses dados ainda são muito desencontrados visto que como boa parte desses programas era transmitida por rádios clubes ficou difícil verificar seu alcance à época.

No Brasil, o primeiro apoiador da educação no rádio foi Roquete Pinto, considerado por muitos o pai da radio transmissão no Brasil, foi graças a ele inclusive que ainda na década de 30 houve os primeiros experimentos com uma espécie de televisão primitiva, mas foi no rádio que sua influência se fez mais presente, originando grandes idéias que se proliferaram em todo o país nas décadas seguintes.

Um dos mais famosos foi o projeto Minerva, adotado pelo governo Militar Brasileiro durante a década de 70 do século passado, o projeto consistia em levar educação para as mais remotas áreas do país que não conseguiam ter atendidos os seus direitos à educação, o projeto foi pioneiro por levar o ensino a localidades remotas na região norte e centro-oeste do país, mas sua utilidade começou a entrar em declínio a partir da década de 80 tendo se restringido a poucas localidades, como em favelas do Rio de Janeiro, por exemplo.

Em fins da década de 90 e nos dias de hoje, a programação educativa no rádio é uma cópia do que é transmitido nas emissoras de televisão e de certo, a linguagem sai prejudicada e o apelo audiovisual da imagem não consegue suprir com exatidão quem está ouvindo, em virtude de redução de custo as empresas não investem em trabalhar a linguagem para diferentes meios de comunicação.

Em tempos de ensino de tecnologias, o rádio caiu no ostracismo. Mas, nem por isso deve ser visto como um coadjuvante, migrando para novas plataformas como a Internet, o rádio ainda tem como ser um grande canal de aprendizado e ampliar potencialmente sua utilidade como grande ferramenta de educação.


Links:

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por que medir audiência em rádio no Brasil está defasado?

As análises realizadas pelas grandes agências de publicidade para monitoramento de consumo de clientes estão um tanto defasadas, sobretudo quando a medição tem como alcance o rádio. Preza-se muito pelo aspecto técnico em números e não pela qualidade da programação, não estou dizendo aqui que esse tipo de medição esteja errado, mas ele parou no tempo e não caminhou com as mudanças vivenciadas por todos nós.

Uma das grandes maneiras de se medir a audiência em rádio é através do EasyMedia3 muito conhecido e utilizado pela famosa agência IBOPE. Seu diferencial é que é possível fazer diversas amostragens, através do “rankeamento” das rádios além de análises do perfil do ouvinte, faixa etária, etc. Um programa que tem sua funcionalidade além de ser muito fácil a sua manipulação.

Mas elas pecam, conforme disse, por não enxergar todas as mudanças que vem acontecendo, ainda mais no plao digital. Num ambiente em que as redes sociais virtuais e as tecnologias potencializam o papel do usuário/receptor/ouvinte, novas formas de monitoramento e análise precisam ser criadas, passando inclusive por uma reforma estrutural na programação das emissoras.

As redes sociais virtuais desempenham um papel muito importante nesse cenário. Por conta da rápida interação e também pela miscelânea  de públicos, é possível agora ir mais alem nessas pesquisas, o mercado salutar não precisa necessariamente ser revestido de bons números de vendagens através dos espaços publicitários, a boa audiência se mantém em grande parte pela qualidade das rádios (ou ao menos, deveria ser assim).

Além das redes sociais como novos espaços para medição de audiência, o audiocasting ou o podcasting também deveriam passar a ser melhor analisados, os “reviews” de alguns usuários são muito bons quando buscam indicar probleams e soluções em diversas programações.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Rádio e o Blaving: Novas formas de interação!

Qual o impacto que tecnologias podem trazer para o rádio de hoje? Bom, além de uma infinidade de produtos e da maneira como eles serão produzidos. Deve-se ter em mente que o uso da Internet e o papel que as redes sociais virtuais desempenham hoje em dia são fatores determinantes para que essas novas formas de interação entre o rádio e o público não transforme somente a forma como eu e você consumimos o rádio mas principalmente a forma como poderá ser orquestrado o ensino em rádio.

A razão de minha insistência nessa tecla em meu blog é por conta do despreparo recorrente em que eu costumo ver os inúmeros profissionais que saem das academias ainda buscando mexer com o rádio como se ele fosse um permanente imutável há 40 anos. A tecnologia que é mostrada para eles é somente o mp3. Mas canais para o relacionamento com o ouvinte, acredite, ainda é muito pouco utilizado.

Não é uma realidade de todas as rádios, mas da esmagadora maioria das rádios Brasileiras, infelizmente não atinou para a presença dessas redes virtuais e de suas potencialidades, pior que isso, a academia ainda não anda acordada com o que vem acontecendo no cenário da radiodifusão atual. o que logico me espanta é que o rádio tem por si, uma alta taxa de interação mas quando se pensa em utilizar essa interação em benefício do produto radiofônico, a situação se torna ate certo ponto perigosa.

Mas existem saídas, sobretudo saídas muito interessantes sobretudo para o ensino de rádio. Uma delas é o Blaving. Site do qual me referi há alguns meses como "O twitter que fala". Você não conhece? recomendo dar uma visita. Este site surge como uma forma muito interessante de se repensar o papel do podcasting como recurso no ensino de rádio e na miscelânea de produtos que podem ser criados.

Curioso? dá uma lida!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

De 94 à 96 - Por que esses anos são importantes para os Meios de Comunicação de Massa?

"O mercado Brasileiro de Rádio sempre foi alvo de interesse de intensas pesquisas". Será mesmo? Recentemente ouvi de um professor que o panorama de pesquisas sobre o mercado radiofônico nacional sempre foi rico e com diversos dados. Comecei a questionar o fato pois no decorrer de minha monografia e de outros artigos que publiquei, senti uma imensa dificuldade em tentar mapear a realidade por trás do rádio Brasil afora. Não que o país não tenha pesquisas desenvolvidas sobre isso, Basta entrarem em papers da Intercom que vocês encontrarão diversos exemplos.

Mas comecei a questionar outra coisa também, A mudança no mercado musical e por conseguinte, no rádio com o processo de digitalização. Há alguns dias conversei com um importante pesquisador deste país, professor Dr. César Bolaño que me abriu os olhos quanto ao "gap" que existe quando comparamos cronologicamente a televisão e o rádio, não só no decorrer de sua história mas principalmente com a chegada da Internet e do avanço tecnológico.

Partiremos do contexto de que, com a Internet de massa (quando ela sai dos projetos militares, universidades e governo) uma nova esfera (pública??) surge e a demanda cresceu e assim vem crescendo. Isso ocorreu entre os anos de 1994 à 1996. Anos em que no Brasil, chega o serviço de televisão privado (Tv a cabo), surgimento de provedores como o UOL e a Internet começa a se alastrar no mundo e no Brasil.

Esses anos são tão importantes para a história do processo de digitalização dos meios de comunicação de massa quanto foi por exemplo, a televisão, e o rádio há algumas décadas atrás. Tão em conformidade faço esta afirmação que volto ao que a pesquisadora Nair Prata nos diz em um de seus artigos que, a primeira rádio na rede, surge no ano de 1994/95 nos Estados Unidos, no Brasil só apareceria aqui em 98.

Estamos em 2011 e já temos então uma linha temporal importante. O processo de produção de notícias para o rádio mudou esse período e uma das maiores mudanças com certeza se deve ao preço que pagou a indústria fonográfica. A mp3 e os diversos modelos de players e padrões digitais transformaram em pouco tempo os estúdios das rádios, exigindo uma modelagem mais precisa do profissional que se depara cada vez mais com o termo "convergência tecnológica" desde então.

É algo que devemos olhar com cuidado daqui pra frente!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O destino da Pesquisa em rádio em SE.


Fiquei feliz quando, na semana passada, uma estudante do curso de Jornalismo da UFS, me havia convidado para explicar algumas informações sobre o rádio em Sergipe. Pode parecer simples, pois como venho escrevendo sistemáticamente neste blog, a cidade de Aracaju e o Estado de Sergipe possui ávidos consumidores de rádio, talvez uma das populações que mais escuta rádio no país.

Mas estranhamente, o número de pesquisas e pesquisadores no estado é mínimo. Como também já disse por diversas postagens, então qualquer iniciativa que vise apresentar melhor a constituição do panorama radiofônico da cidade de Aracaju e do Estado é muito importante, embora ainda não tenha investigado a fundo a realidade das rádios no interior de Sergipe, acredito que deva ser tão fascinante quanto foi em Aracaju e na região metropolitana.

Ela suscitou perguntas sobre as emissoras locais, aos poucos me lembrei de meu trabalho de conclusão de curso e de todo o emaranhado interessante que ocorre nessas emissoras. Poucas pessoas sabem, mas a cidade de Aracaju possui 05 emissoras em rede na capital, dentre as quais uma trabalha em rede, mas localmente, a Rede Ilha, que possui “filiais” em alguns municípios do Interior de Sergipe.

O estado é palco de diversas rádios que englobam os mais diversos públicos, devemos ampliar o debate e fomentar a construção de novas pesquisas envolvendo o rádio em escala regional.

domingo, 3 de abril de 2011

A webrádio no Mundo e em Sergipe

A participação das webradios no mercado global de radiodifusão aumenta a cada ano. Segundo dados, do site: The Slogans Online, A webradio passou de 2005 de 40 milhões de usuários para em 2010, chegar à 180 milhões de usuários no mundo inteiro. É claro, ainda precisam ser coletados maiores dados para poder conhecer um número mais robusto, mesmo porque fica um tanto complicado a pesquisa quando o assunto é radio online.

Uma das razões é por conta de sua característica. A webradio aparece a qualquer momento na rede e pode ter um público fiel ou nenhum público. Para isso a necessidade de se refinar os padrões de pesquisa quando se trata de conhecer o perfil de consumo do usuário dessas webradios além de sua programação (entro aqui na questão das rádios que são meros playlists e de programação convencional).

Mas essa realidade não atinge somente o mercado global. Em Aracaju/SE a participação das webradios é crescente. Durante uma varredura que fiz, encontrei perto de 9 webradios com representação e relativo destaque na cidade. Algumas com mais visualizações, outras nem tanto. Mas vou citar aqui, 05 emissoras webradios que já são conhecidas: A webradio do Sindicato dos Bancários de Sergipe, da Câmara Municipal de Aracaju, do Tribunal de Justiça de SE, da AtalaiaWeb (portal Atalaia Agora), e a conhecida Rádio RCN.

A RCN foi a primeira rádio online a se instalar em Aracaju. Foi alvo de minha pesquisa durante minha conclusão de curso e é talvez, uma das mais especiais rádios do mercado Sergipano. Rádio que foge ao estilo playlist e com programação de uma emissora convencional. A RCN em 2009, conseguiu bater picos de acesso no site de aproximadamente 350 mil acessos/mês. Colocando-o como site e rádio mais ouvido no estado de Sergipe e, em determinados momentos, a mais ouvida webradio do Brasil.

Na época, duas coisas me chamaram a atenção: A primeira, que a rádio agia com transmissão de programação via acesso remoto da cidade de Boston (isso mesmo, uma “filial” da radio através de um colaborador nos EUA) que monitorava as transmissões e também realizava algumas inserções na emissora. Além do grande número de acessos da emissora.

Como se percebe, apesar de pouco tempo de existência, a webradio tem um espaço imenso de crescimento. Não só global, mas regional também. O desafio agora é tentar encontrar um meio de conviver pacificamente entre as emissoras analógicas sem que traga nenhum prejuízo para ambos os modelos.

domingo, 27 de março de 2011

O que o Brasil deve à Landell...

Na última quarta-feira (23), esteve em Aracaju o professor e Jornalista Hamilton Almeida, responsável pelo livro sobre a vida e obra de Roberto Landell de Moura. Almeida veio à cidade ministrar uma palestra sobre a importância do padre gaúcho para, não só a radiodifusão nacional, mas global em virtude dos diversos experimentos que Landell realizou antes mesmo das transmissões iniciadas por Marconi em Londres ou pelas patentes do russo, Nikola Tesla.

Landell, como lembrou muito bem Milton JUNG (2007) foi tido como maluco ao realizar diversos experimentos com a transmissão de sons através de placas de aço no Brasil que vivia em um período de diversas agitações, ainda em fins do século XIX. Em 1893, seus experimentos foram exibidos na cidade de Campinas /SP deixando parte de seus moradores boquiabertos na época.

É dedicado à Landell, a criação do Anematófono (uma espécie de telefone sem fio) na época, e por esse invento, foi registrada patente em seu nome no Brasil em 1900 e nos EUA em 1904. Como se percebe, Landell não deu início somente às transmissões de rádio, mas é importantíssimo para o desenvolvimento de aparelhos de comunicação que seriam impensáveis até então, ou, que ainda não tinham sido divulgados

O seu legado...

Landell é por diversas vezes posto no ostracismo em virtude do nome e da importância de Roquete Pinto quando se trata em falar sobre rádio no Brasil. Mas a verdade é que se não fosse por ele, talvez diversos experimentos que nós conhecemos hoje pudessem não existir. É claro que na época diversas pessoas pesquisavam e procuravam entender novas formas de aprimorar a comunicação, mas para nós, Brasileiros é importantíssimo reconhecermos que pessoas do calibre dele foram decisivas para que isso acontecesse.

O padre Gaúcho nos deixa diversas lições. Uma delas é que a necessidade de se comunicar sempre esteve inerente ao espírito humano não importa aonde houvesse um. Em um futuro onde a digitalização do som se torna uma questão de sobrevivência às emissoras, vale a pena voltar atrás e conhecer que pioneiros como Landell deram o primeiro passo para que novas formas de interação pudessem ser realizadas.

terça-feira, 22 de março de 2011

No caminho do Operador Multi-Task nas emissoras de Rádio

Já escrevi sobre esse novo “perfil” exigido pelas empresas de comunicação para o profissional. Se você ainda não conhece, vamos a uma explicação com brevidade. O profissional multi-task é o profissional multi-tarefa. Aquele que conhece, manipula, coordena as ferramentas digitais a fim de dinamizar o trabalho nas mais diversas plataformas, dando não só agilidade mais eficiência na produção de informação além de se pôr a frente da concorrência tendo no seu corpo de profissionais, pessoas com essa qualidade.

A sobrecarga do profissional é grande visto que essas exigências na certa esbarram na condição física, psicológica e financeira dos profissionais para que ele possa usufruir melhor dessa necessidade. No Brasil, tradicionalmente, a busca por melhores profissionais e a concorrência entre os iguais nas companhias produzem aberrações constantes nos ambientes de trabalho, chegando por vezes a ocorrerem abusos freqüentes.

Abusos tais como, manipular as mídias digitais, produzir conteúdos em plataformas online, impressa, televisiva e rádio, conhecer parâmetros de edição, dominar por vezes elementos que compõe conhecimentos em T.I. Enfim, são apenas alguns dos exemplos que formam o novo operador de comunicação disponível no mercado.

Não fosse somente essas atitudes, o profissional, por vezes jornalista, ou radialista ou áreas correlatas precisam cuidar de sua posição, pois podem ser realocados ou substituídos por outras pessoas sem conhecimento técnico específico. Graças à horizontalização da informação, a produção de conteúdo que trouxe a democratização também pode trazer um problema à formação profissional, algo que já vem acontecendo.

A lógica do capital infelizmente é mais imperativa. Pois ao passo que as empresas exigem do profissional não estão oferecendo recursos para que esse tipo de treinamento e capacitação ocorra, sobretudo nas empresas de comunicação radiofônica. Com a atualização tecnológica chegando aos poucos nas emissoras de rádio no país, vemos que aos poucos esse tipo de exigência vem chegando e transformando as redações das rádios no país.

O futuro, não é tão estarrecedor se na certa medidas forem dispostas. Entre elas uma melhor capacitação do profissional ainda nas faculdades, o preparo do estudante para atender as demandas do mercado além de necessário é uma forma de preparar o estudante para as adversidades que enfrentarão muitas faculdades Brasil afora precisa rever seus programas de matérias, pois a defasagem prejudica não só os alunos, como também a instituição.

Links relacionados:

sexta-feira, 4 de março de 2011

Rádio e Mídia Sonora: É tudo a mesma coisa?

Depois de 02 semanas fora da web, do trabalho e das atividades e passando um merecido descanso com minha namorada. E, como a cidadã tanto quanto eu. É uma pesquisadora e aficionada por rádio. Uma dúvida nos veio subitamente à cabeça. Nós podemos dizer que uma Mídia Sonora pode ser considerada rádio?

Tudo começou porque em voltas com a discussão sobre as Novas Tecnologias e seu impacto no rádio contemporâneo nós entendemos que as mudanças trazidas pelo advento dessas TICS desenharam um caminho perpendicular a história do rádio. Alias como o professor Medtisch (1997) disse em um de seus artigos: “O rádio não é atrasado tecnologicamente, só veio primeiro”.

Mas a razão principal de minha dúvida é quanto à função que novos elementos ou novos produtos sonoros podem ser reconhecidos como tal. Uma discussão parecida foi a que se sucedeu há alguns anos quando muitos questionaram a razão de ser de uma emissora de rádio (web), por exemplo, em que sua programação fosse musical 24hs por dia. Nisso, parecemos concordar que uma “playlist” não pode ser considerada uma emissora de rádio propriamente dita.

E quanto ao Podcast? Esse se tornou o principal foco de nossas discussões. O recurso que se popularizou, sobretudo nos portais de notícia nos deu pano para manga, embora muitos considerem que o podcast seja só uma vertente do rádio. Faço algumas ressalvas quanto à esse tipo de crença por 02 razões.

·         O Podcast é uma espécie de blog sonoro que geralmente costuma noticiar um fato ou uma opinião do interlocutor sobre determinado tema
·         O Podcast só existe no meio digital, ainda que não seja impedido a sua existência no meio analógico. Ele se distância do fato noticioso (embora possa ocorrer) vindo quase sempre como uma crítica sobre X assunto. Costumeiramente relacionado a alguma notícia do Portal, ou do Blog.

Lógico, essa é só uma visão muito particular. Ainda que não tenha penetrado mais profundamente no tema. Vejo um pano para explicações mais pertinentes aqui. Afinal: O Rádio é uma Mídia Sonora, mas nem toda Mídia sonora pode ser considerada Rádio.



sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Rádio e a UNIT: Ensino de Radiojornalismo e Novas Tecnologias

A Universidade Tiradentes (UNIT) é a 2ª maior instituição de Ensino Superior de Sergipe. A universidade é privada e sua infra-estrutura é conhecida como uma das melhores do norte/nordeste. Hoje, a UNIT atua em diversos pólos de educação à distância em vários municípios do estado de Sergipe além de possuir uma filial, a Faculdades Integradas Tiradentes  (FITS), localizada em Maceió/ AL.

A instituição abriga também o mais antigo curso de comunicação social do estado. O Curso de Jornalismo está presente desde 1982 e foi responsável pela formação de diversos nomes do Jornalismo atual em Sergipe e fora dele. Hoje, a Unit na Coordenação dos Cursos de Comunicação agrega mais dois outros cursos: Publicidade e Propaganda além de Design Gráfico. E por contar com uma boa infra-estrutura, possui um Complexo de Comunicação Social (CCS) dotado de equipamentos que são superiores à muitas unidades televisivas do estado.

No que tange especificamente ao ensino de Rádio, ambos os estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda precisam aprender a manipular com a mídia sonora. Os primeiros, para aprender como veicular a informação e trabalhar os diversos paradigmas concernentes ao exercício do jornalismo, os últimos a desenvolver as técnicas necessárias para compreender os processos que envolvem a exploração da publicidade e do marketing inseridos no rádio e na Mídia Sonora.

Rádio e Novas Tecnologias.

A estudante do curso de Jornalismo, Iana Queiroz em entrevista me disse que o CCS vem investindo no ensino de Novas Tecnologias e trazendo a participação dos estudantes: "Lá tem dois estúdios de rádios muito bons, isso facilita muito a aprendizado, já que toda aula misturamos a prática com a teoria", disse.

“A Unit tem uma rádio "experimental". onde os alunos do sétimo período fazem parte do projeto "Notícias em 10". Todos os dias um programa de 10 minutos às 18h20”. Embora este seja um programa em fase de testes, Iana não soube exemplificar se as pautas correspondem à um serviço em conjunto com a assessoria da instituição ou livre para a escolha de pautas dos estudantes.

Para o ensino de Futuro do Rádio, A estudante havia dito que a professora de rádio já havia iniciado estudos acerca do Rádio Digital. Um ponto bem positivo. Busquei informações e entrei em contato com a professora. É muito bom manter esse tipo de iniciativa, pois a impressão que se tem é que quando se trata de Rádio e Futuro do Rádio sejam práticas inexistentes nas principais academias de Sergipe.

Para tanto, vou visitar a instituição e acompanhar algumas aulas, quero ver de perto para onde é direcionado o ensino. Quero, sobretudo, montar parcerias sobre isso. Às vezes me sinto isolado quando o assunto é discussões sobre Novas tecnologias, rádio e Mídia Sonora em Sergipe. Então qualquer iniciativa que vise trazer esse conteúdo mais próximo dos estudantes e dos sergipanos é além de muito bem vinda, necessária.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Rádio na UFS: Passado e Futuro


A Universidade Federal de Sergipe (UFS) é uma das mais tradicionais IES do Estado. Por ano, perto de seis mil estudantes adentram a instituição em busca de diversos sonhos e possibilidades nos mais diversos cursos, entre eles os de comunicação social que figuram num curso relativamente disputado. É claro que com a ampliação das vagas a concorrência deu uma reduzida que outrora era sempre acima de 10, 12 candidatos/vaga, sobretudo Jornalismo.

Os Cursos de Comunicação na UFS tiveram início em 1993. Já não são cursos tão recentes assim, mas padecem de infra-estrutura como era de se esperar de algumas instituições públicas. No começo, os cursos que compunham o DAC (Departamento de Artes e Comunicação) eram os cursos de Artes, Jornalismo e Radialismo. Ainda que artes fosse um curso de licenciatura, mas conviveu bem durante mais de 15 anos, Hoje o Departamento de Comunicação Social (DCOS) é composto pelos cursos de: (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Audiovisual e o Núcleo de Artes e Design Gráfico (NADE) composto pelos cursos de Artes Visuais e Design.


Radialismo na UFS foi de 1993 à 2008.

Radialismo chegou a ter seu reconhecimento pelo MEC ainda em 2002. Mas foi oficialmente extinto dos cursos de comunicação a partir do vestibular de 2009/01. Deixando um pouco desamparados os estudantes que ao certo não sabiam o que iriam acontecer na época, se poderiam se formaram como radialistas ou com o novo currículo de Audiovisual. Embora essas discussões à época ficassem pairando muito mais nas cabeças dos estudantes que estavam para adentrar a vida na Universidade, a mudança já adivinha de uma realidade que começava a ocorrer em boa parte das IES do País.

Rádio é visto como um ensino auxiliar a prática de comunicação, não sendo dado o devido crédito pelas instituições. A verdade é que mesmo as a entidade que gere os radialistas se enfraquece ao nem mesmo reconhecer o valor da formação de um radialista. Por exemplo, um radialista não poderia assinar as próprias matérias isso ficaria a cargo de um jornalista, com pisos salariais muito baixos, o rádio Brasileiro acabou enfraquecendo nas academias em detrimento do amadorismo de muitos que iniciaram as transmissões ou, em cursos técnicos - Caso em especial dos Radialistas formados em Itabuna na Bahia.

Atualmente o ensino de rádio na UFS resume-se a poucas técnicas de conhecimento acerca do meio de comunicação. Claro, ensinando-se aos que ainda buscam conhecer por exemplo, Direção de programas de rádio, argumentação e roteiro de programas, técnicas de produção em rádio. Na área rádiojornalística, estudos acerca da evolução da comunicação comunitária, e aspectos quanto a criação de fato noticiosos, crônicas e afins no rádio são facilmente explorados.

Contudo, quando se trata em explorar assuntos mediante o futuro da Mídia Sonora e a influência de Novas Tecnologias, o buraco é gigantesco. Há hiatos imensos na condução do ensino. Talvez, desinteresse por boa parte dos professores, talvez desinteresse do próprio alunado, o rádio vêm entrando em um período de ostracismo na principal academia Sergipana por conta de não explorar adequadamente as novas realidades vislumbradas pelo rádio e pela Mídia Sonora como reais possibilidades de ensino

A Rádio UFS.

Durante o processo de Expansão Universitária (REUNI) que injetou recursos em troca do aumento gradativo no número de vagas nas instituições de ensino, diversos cursos receberam aportes consideráveis e conseguiram criar uma infra-estrutura capaz de atender a novas demandas internamente quanto externamente, dessas conquistas, prédios novos, novos cursos (audiovisual, Design e Publicidade e propaganda, exemplo) além das tão malfadadas cotas.

Rádio UFS FM
Outra realização por conta da ingestão de recursos foi à criação da Rádio UFS. Emissora FM da Universidade Federal de Sergipe. A Rádio, que na verdade possui concessão de exploração pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação) trouxe um pouco mais de possibilidades ao ensino dos estudantes, conta com um bom prédio e a emissora vem se destacando como fonte de conhecimento (desenvolvendo o tripé - Ensino, Pesquisa e Extensão), pois a cada semestre são abertos editais para que alunos possam produzir seus programas (supervisionado por seus professores) além de oferecer uma nova opção ao público da Aracaju e proximidades.

Durante a produção de minha monografia, conversei com o atual coordenador da emissora, prof. Dr. Josenildo Guerra que já buscava preparar o rádio quanto tecnologias para a possível implantação do sistema digital de transmissão. Embora o mesmo não soubesse precisar quando nem, de que forma o sistema poderia ser útil para o ensino dos estudantes.

E, dessa forma, o ensino de rádio na UFS vem caminhando. Com um curso que já figurou num dos mais concorridos próximo de sua criação, extinto anos depois e não havendo uma renovação no ensino dessa importante mídia de massa, os futuros operadores de comunicação por vezes saem da academia sem descobrir para onde caminham as novas informações na mídia sonora e o prazer especial em lidar publicamente através do microfone e no dial das emissoras.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O ensino de Novas Tecnologias e Mídia Sonora em Sergipe.

O menor estado Brasileiro abriga uma das populações mais ávidas por consumo em rádio. Em 2005, uma pesquisa realizada pela Associação de Radialistas locais, revelou que mais de 83% dos cidadãos de Sergipe ouviam rádio mais de uma vez durante a semana, em alguns locais do Estado, o percentual batia quase os 90%, demonstrando um alto índice de aceitação do público local.

Durante a realização de minha monografia e minhas andanças em busca de entrevistas sobre o rádio de Aracaju, percebi como isso é verdadeiro, todas as manhãs, no trânsito, ônibus, celulares, em casa. As pessoas, mesmo na capital possuem um elo muito forte com o rádio e utilizam-no muitas vezes como fonte principal de informação durante o dia.

O ensino de rádio em SE
não contempla as Tecnologias

Aracaju, capital do Estado, abriga boa parte das rádios do Estado. Sergipe não apresenta uma dimensão territorial de grandes proporções o que facilita na irradiação de seus sinais para diversos locais do Estado e até fora dele, caso da Liberdade FM que por ter uma das maiores torres de Transmissão de Sergipe, algumas cidades do interior de Alagoas e da Bahia conseguem receber seu sinal. Contando as AM, FM e Webradios, só Aracaju hoje, possui perto de 24 emissoras de rádio.

Um número considerável se analisarmos que a cidade de Aracaju não chega a 600 mil habitantes e sua região metropolitana ainda beiram os 860 mil, conforme análises do IBGE de 2010. Sendo assim, seria de imaginarmos uma preocupação maior por parte das instituições de ensino superior quando o assunto é rádio, não é?

Infelizmente não é bem isso que acontece, uma vez disse à alguns amigos que o ensino de rádio em Sergipe ainda utiliza a mídia sonora como se estivéssemos na década de 40 do século passado. Aulas sobre passado do rádio, presente do rádio, como criar um texto, uma crônica, realizar um programa e acabou.

Hoje, como venho demonstrando neste blog, o rádio já ultrapassou todas essas liame. Hoje falamos em hipermidialidade, já discutimos a questão da Infografia na mídia sonora, o efeito do rádio all news na população, a questão dos sistemas de convergência dos meios nas emissoras, o papel do radiojornalista como operador multi-tarefa dos meios, a produção de rádiojornalismo na era digital, os discursos pluri-participativos através das redes sociais, e mais recentemente algo que venho discutindo muito: O papel da Hiperlocalidade na Mídia Sonora.

Como se percebe, as duas principais academias de Jornalismo do Estado pecam enormemente em ainda prestar um papel de mero coadjuvante no ensino de mídia sonora. Ainda que todos nós reconheçamos que esse é um fenômeno que vem ocorrendo não só aqui, mas no Brasil - Fruto da demanda muito maior por jornalistas, não quer dizer que as entidades devem fechar os olhos para a realidade das tecnologias no dia-a-dia do cidadão.

Os próximos posts do Blog irão abordar algumas das rádios Sergipanas durante algumas pesquisas que vim desenvolvendo, espero que gostem.