Como já havia dito em uma de minhas postagens neste blog, o rádio digital ainda padece de problemas para a sua efetivação no Brasil. A verdade é que os problemas são muito mais gerados pela ordem política do que pela viabilidade técnica em se instalar os padrões. Visto que a cúpula que controla parte das decisões sobre os caminhos da radiodifusão no Brasil exerce um lobby de grande influência no país.
Em geral, a Informação é vista como questão de segurança nacional. Haja vista sua valoração pela Constituição Federal de 1988. Não ponho aqui em questão os méritos que tornem a Informação uma questão de Estado. Mas é fundamental termos em mente que o desenvolvimento da tecnologia caminha sempre passos maiores do que o escopo jurídico consegue prever. Se há 20 anos caminhávamos com walkmans em uma década não precisamos sequer mais de CD's para ouvir o que quisermos.
Voltando à questão do Rádio digital, temos problemas, sobretudo quanto ao número de emissoras que atualmente estão cadastradas (sem contar às inúmeras que funcionam na ilegalidade) e, sim, nesse momento eu falo também das webradios. Pois como comentei no post abaixo, À luz da lei, só podemos considerar uma rádio legal quando está possui concessão do Estado. Caímos novamente na questão da evolução tecnológica estar anos-luz a frente de nossos legisladores
Muitos entraves impedem a implantação do HD Radio |
Por conta disso, o rádio digital enfrenta desafios de grandes proporções para a sua efetivação, mas para tanto, vou resumi-los em 03 dos quais considero mais urgentes:
O debate sobre o sistema. Apesar de que já houve diversas conversas e encontros, o debate acerca da escolha dos padrões e da interferência que esses sistemas trarão ao dia-a-dia do Brasileiro é desconhecido por sua população, grande parte disso por conta do desinteresse e, também por conta da influência da Televisão que nesse caso, puxa o gancho muito mais forte para o seu lado do que para as emissoras. É necessário fortalecer os debates regionais, pois, o grande número de emissoras radiofônicas comunitárias ainda exerce força absurda dentro de diversas comunidades Brasil afora.
Entender o aspecto Multi-Étnico-Regional. As diferenças regionais e os costumes adotados por cada emissora nas diversas regiões do Brasil devem dar o tom sobre a forma como essa nova tecnologia será integrada. Ao contrário da Televisão que buscou adotar uma "identidade nacional" O rádio não precisou desse contrato, muito pelo contrário, o rádio cria um elo de identidade com seu público. Adotando os modos e costumes de cada região e com isso, esses valores podem indicar de que forma o modelo digital terá sucesso em sua sedimentação com o público.
Trabalhar integralmente com as outras Mídias. Enxergar o Rádio como um meio de comunicação isolado, onde a lógica do (Emissor --> receptor) vigora, não existe mais. O rádio aprendeu a trabalhar com a tecnologia, mas ainda há certa resistência em tornar esse trabalho em conjunto com as outras mídias, quanto maior for essa integração mais o rádio ganha em agilidade e a adoção de tecnologia só vem a tornar o trabalho destas emissoras muito mais dinâmicas e eficazes.
Agora é esperar e ver de que forma esses desafios e muitos outros poderão abrir caminho para o sucesso e a implantação do sistema digital no País.
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